Rio de Janeiro – Com 34 dos 39 votos possíveis, o sociólogo, professor e
ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi eleito
na tarde de hoje (27) para ocupar a cadeira 36 da Academia Brasileira de
Letras (ABL). Vai assumir a vaga aberta com a morte do jornalista João
de Scantimburgo, em 22 de março deste ano. Votaram 24 acadêmicos
presentes à sede da academia, no centro do Rio, e 14 por carta. Houve
uma abstenção.

Presidente
da República em dois mandatos sucessivos, de 1995 a 2002, Fernando
Henrique Cardoso, nascido no Rio de Janeiro em 18 de junho de 1931, é
doutor em sociologia e professor emérito da Universidade de São Paulo
(USP). Foi também professor em várias universidades e instituições
estrangeiras, entre elas Stanford, Berkeley e Brown, nos Estados Unidos;
Cambridge, no Reino Unido; Paris-Nanterre e Collège de France, na
França, e Ipes/Cepal, em Santiago do Chile.
Intelectual com
atuação política, Fernando Henrique teve seus direitos políticos
cassados em 1964 pelo regime militar e exilou-se na Europa e no Chile.
De volta ao Brasil, participou da luta pela redemocratização do país,
ingressou no então MDB e foi eleito senador por São Paulo. Nos anos 80,
foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB),
do qual é presidente de honra. Antes de ser eleito presidente, foi
ministro das Relações Exteriores e da Fazenda no governo Itamar Franco
(1992-1994).
De acordo com o acadêmico Marcos Villaça,
ex-presidente da ABL, “a eleição de Fernando Henrique Cardoso é um ato
de respeito à inteligência brasileira. A sua obra de sociólogo e
cientista dá ainda mais corpo à academia”.
Com a eleição de FHC, a
Academia Brasileira de Letras passa a contar com dois ex-presidentes da
República entre seus 40 membros. O outro é José Sarney, ocupante da
cadeira 38, desde 1980.
O novo membro da ABL é autor ou coautor
de 34 livros, 23 deles de sociologia, e mais de cem artigos acadêmicos.
Uma de suas obras, Dependência e desenvolvimento, escrita em coautoria
com Enzo Falletto e publicada originalmente em espanhol, em 1969, é
considerada marco nos estudos sobre a teoria do desenvolvimento. O livro
teve dezenas de edições, em 16 idiomas.
Os livros mais recentes
de Fernando Henrique Cardoso são voltados à análise de sua atuação como
político e as memórias: O presidente e o sociólogo (1998); A arte da
política (2006); The accidental presidente of Brazil (2006); Cartas a um
jovem político (2008) e A soma e o resto: um olhar sobre a vida aos 80
anos.
Agência Brasil