Assú, na região da caatinga, interior do Rio Grande do Norte, tem pouco mais de 58 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2019. Está a 213km de Natal, capital potiguar.

Gabriel Veron Fonseca de Souza nasceu lá, em setembro de 2002. Na casa da rua de estrada de terra seca, sem calçamento, tinha um destino provável, segundo a própria família: ser vaqueiro como o pai Carlos Eduardo de Souza e seguir a vida lutando, castigado pelo calor de quase 40°C e baixa umidade nos meses mais quentes do ano.

Mas o Veron potiguar começou a escrever cedo um outro roteiro para fugir desse cenário. No quintal de casa ou na rua, a habilidade que ele tinha com a bola chamou a atenção do avô José Nazareno da Silva, já falecido. O Zeca, como era conhecido, jogava muito. O talento passou para o filho Jackson Fonseca, que chegou a atuar em alguns times do interior do estado, e afluiu no neto, o menino Gabriel Veron.

Aos seis anos, já era um pequeno fora de série. A família percebeu e ajudou. Principalmente a mãe, Graciele Fonseca, que resistia à proposta do pai do menino de levá-lo para aprender as funções no trabalho.

Veron encantava tanto quem o via jogar que foi sendo presenteado com bolsa integral nas escolas particulares de Assú.

– Eu jogava futsal na escola aqui por trás – diz ele, do quintal de casa. – Aí me viram jogar e ganhei bolsa no IPI (Instituto Padre Ibiapina), outra escola da rua. Aí quando comecei a jogar no IPI, ganhei bolsa na escola mais famosa de Assú, que é o Sesi. Aí joguei e estudei lá por cinco anos.

Com 12 anos, teve a primeira grande conquista no futebol. E sente tanto orgulho dela que a descreve com detalhes, mesmo já sendo atleta profissional do Palmeiras e eleito craque da Copa do Mundo Sub-17 em 2019: foi campeão dos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte, o tradicional JERNs, disputado desde 1970 e sonho de dez em cada dez estudantes que praticam esportes no estado.

Simplicidade é uma das características mais marcantes de Veron e da família. Potiguares de couro duro do semiárido do Brasil.

Por Felipe Brisolla, Jordi Bordalba e Maurício Oliveira — Natal e Assú (RN)
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