A fundadora do MMM, Tania Ziulkoski, ressaltou que de nada adianta as cotas impondo a participação de mulheres na política se, na outra ponta, a mulher não tem a proteção garantida para cuidar das famílias e da saúde física e emocional. Sendo assim, o MMM elaborou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que foi entregue nas mãos das deputadas federais Soraya Santos (PL-RJ) e Ione Barbosa (Avante-MG). “A proposta visa assegurar para todas as mulheres na condição de agentes políticas – prefeitas, vereadoras, governadoras, deputadas estaduais ou federais, senadoras e secretárias ou ministras de Estado e ainda presidente da República –, o direito ao gozo de licença-gestante, férias remuneradas e 13º salário”, reforçou Tania.
Segundo ela, a realidade nas localidades mostra que as prefeitas e as vereadoras, se mães, precisam levar seus bebês para os gabinetes. “Não tem assegurado na legislação o direito a ficar em casa cuidando de seus filhos sem sofrer prejuízos irreparáveis nos seus mandatos. Com a proposta queremos assegurar também aos agentes políticos masculinos o direito à licença-paternidade, pois, antes de sermos agentes políticos, somos gente, mães, pais e filhos. Entendemos que assegurar esses direitos é retirar da legislação mais um entrave para a atuação da mulher na política”, acrescentou a líder do MMM.
Em resposta, a deputada federal Soraya Santos reforçou o compromisso em apoiar a causa do MMM. “Me comprometo a pegar o tema que vocês querem discutir para que possamos fazer uma melhor adequação. O direito à gestação é para todas, mas precisamos dar luz às especificidades’, disse complementando que enxerga o MMM na política como necessidade para o país.
Logo após, fez um desafio aos prefeitos e prefeitas presentes de que façam um levantamento sobre o que no orçamento da localidade é destinado, de fato, às mulheres. “Estive em uma reunião com a ministra [do Planejamento] Simone Tebet e pedi que no próximo planejamento orçamentário ela possa fazer um recorte para que possamos ver quanto de verdade é aplicado em políticas para mulheres na saúde, educação e em todas as áreas. Em um primeiro momento, quando se fala de BPC [Benefício de Prestação Continuada], verificamos que está na conta da mulher, que o Bolsa Família também está na conta da mulher. Por isso, prefeitas e prefeitos, separem o que é dinheiro da mulher para cuidar delas”, finalizou.
Desafios da mulher na política
A vice-líder do governo e titular da Comissão da Mulher na Câmara dos Deputados, deputada Ione Barbosa (Avante-MG), lembrou as dificuldades das mulheres quando se dispõem a se candidatar a algum cargo político. “Eu nunca senti tanta dificuldade na minha trajetória no serviço público como quando candidata a prefeita no meu Município. E eu fui para a rua pedir voto e tive mais de 60 mil votos na minha cidade. Nós temos que caminhar muito, porque temos poucas prefeitas ainda”, completou.
A prefeita de Nova Ipixuna (PA), Graça Matos, ressaltou que o MMM e a CNM empoderam mulheres guerreiras a entrarem para a política, promovendo, assim, mudanças nos espaços dos Municípios. “Estamos preparadas, somos capazes e estamos aguerridas quando temos um desafio para nós. Estamos juntas, em cada lugar do nosso Brasil, existem mulheres que querem transformar o mundo e nós não vamos desistir. Mulher é capaz e tem um coração valente que pode chegar onde ela quer”, disse.
Importância do MMM
Atualmente, o Movimento Mulheres Municipalistas está presente em todos os Estados do país, tendo sete regionais em atividade atuando com o objetivo de ampliar este número, fortalecendo, assim, a capacidade da mulher no exercício da atividade política junto aos Executivos e aos Legislativos locais. “Temos feito a diferença na vida das pessoas que dependem dessa atuação dos Municípios. Nós sabemos que temos um apoio muito grande. O MMM veio para somar às ações, incentivar e fazer com que as mulheres se tornem inovadoras, capazes de fazer a diferença nos Municípios”, reforçou a prefeita de Astorga (PR), Suzie Pucillo.
Representando as mulheres das Câmaras de Vereadores do país, a vereadora do Município de Goiás (GO) Elenizia da Mata ressaltou que, na localidade, mais de 50% das secretarias são ocupadas por mulheres, não só as estratégicas, mas também as que pensam a gestão do Município. “Se nós queremos fazer parte da transformação, nossos corpos precisam dar sentido àquilo que estamos verbalizando. É muito necessário que as mulheres que estão aqui eleitas sejam protegidas, apoiadas e que na próxima Marcha possamos ter mais mulheres no plenário. Eu digo ao MMM, muito obrigada. Esse é o espaço que amplifica vozes, como a minha”, completou.
Por fim, a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul e presidente do MDB Mulheres, Patrícia Alba, enalteceu a importância do MMM para o cenário político como um todo. “Estamos ainda longe daquilo que buscamos: direitos e oportunidades iguais. As nossas diferenças nos completam e colaboram muito para a administração, mas a sensibilidade da mulher é diferente. Nós temos que aprender a conviver, homens e mulheres, na política, de forma igualitária, amigável, para que tenhamos uma sociedade mais equilibrada. Nós queremos caminhar ao lados dos homens, trazendo para a política e para os lugares de decisão a nossa vivência, o nosso dia a dia”, disse.