Das obras, no mínimo três devem ser de norte-rio-grandenses ou residentes no Estado há pelo menos dois anos; as selecionadas em âmbito nacional devem ser de pessoas brasileiras ou que possuam Registro Nacional de Estrangeiros, com residência no país há pelo menos dois anos. Todos os trabalhos serão adquiridos pelo Espaço Cultural Casa da Ribeira, por força do Acordo de Cooperação celebrado com o Estado do RN, bem como por intermédio da Lei Câmara Cascudo (Lei nº 7.799/1999), mantida pela Fundação José Augusto, de modo que passarão a compor o acervo patrimonial do Estado do RN.
Serão quatro diálogos abertos e on-line, nos quais os curadores irão mediar conversas acerca do tema "Estado de Luta". A principal proposta é levantar provocações sobre os termos “estado” e “luta”, como insumo a quem tiver interesse na seleção.
“Estamos falando de ‘Estado de Luta’ em um espaço de camadas e de composições que se atravessam na cultura e na história. O Complexo Cultural Rampa já foi muitos outros, durante tempos de guerra e tempos de paz, ambos circunstanciados, pois nunca são tempos destituídos de lutas, de esforços perenes de vida e sonho em um mundo de desigualdades. Assim, este edital deve ser impulso para a criação de um espaço poético-político de rebeldia e visibilidade, de desgaste e regeneração, de grito, aviso e sussurro, para as diferentes escalas de luta que o módulo virá a abrigar”, explica a curadoria, formada por André Bezerra, Gustavo Wanderley e Rafael Bicudo.
Depois, os diálogos servirão também para discutir a própria elaboração do edital, que será lançado em abril e deve ser um instrumento acessível inclusive a quem não tem familiaridade com esse tipo de processo. A ideia é construir uma comunicação sintética e objetiva, e incentivar o processo de inscrição por meio de propostas em texto, vídeo e áudio. "Incentivamos a apreensão de editais enquanto processos partilhados de criação, estimulando outras possibilidades de escuta e aproximações entre curadoria e artistas/criativas e criativos.”
Programação e inscrições
Os diálogos acontecerão nos dias 22, 24, 29 e 31 de março, sempre a partir das 19h (horário de Brasília), pelo YouTube. As inscrições são gratuitas pelo link www.is.gd/dialogosestadodeluta (uma só inscrição para as quatro edições).
A própria programação será construída coletivamente - participantes poderão dar sugestões de convidadas e convidados. Mas a 1ª edição já está definida: a abertura poética será com Josiephine Jena Jordan e, depois, a curadoria mediará conversa com o escritor, professor e filósofo Pablo Capistrano, que abordará os aspectos filosóficos e conceituais da ideia de luta como expressão da vida a partir do ponto de vista ético, político e estético. Ao final, o encontro será aberto para perguntas e conversa.
A programação das próximas edições pode ser acompanhada pelo Instagram @rampa.cultura. Mais informações pelo e-mail contato@rampacultura.com.br.
O Complexo Cultural Rampa
A Rampa é uma das edificações mais representativas da história de Natal (RN). Valendo-se do seu posicionamento geográfico privilegiado, nas primeiras décadas do século XX a cidade se tornou importante entreposto aéreo, interligando Europa, África e América Latina. Nesse contexto, a Rampa funcionava como terminal de hidroaviões. Durante a Segunda Guerra Mundial, como base militar, foi um espaço-chave na história brasileira. Depois, na década de 70, aberta à população, passou a receber diversos estabelecimentos, até cair em desuso completo.
É nessa edificação - agora totalmente reformada pelo governo do Estado do RN - que será instalado o Complexo Cultural Rampa - arte museu paisagem, um dos principais em desenvolvimento no Brasil. Serão 11 mil m² com duas salas de exposição, salas educativas, espaço para café e restaurante, recepção, bilheteria, área externa para eventos com até três mil pessoas, estacionamento e a calçada Potengi, espaço com visão privilegiada do rio.
A ocupação artística está sob responsabilidade da Casa da Ribeira. A curadoria é de Gustavo Wanderley e Rafael Bicudo, com coordenação museológica de Marília Bonas, além de outros seis núcleos de trabalho. O projeto é viabilizado através da Lei Câmara Cascudo de renúncia fiscal, pela qual empresas destinam parte do seu ICMS para patrocínio cultural. A captação está em curso.
Fotos: Brunno Martins