Uma das principais medidas sanitárias para combater o mosquito Aedes aegypti é a destinação correta do lixo por parte da população. Essa é uma forma eficiente que impede a proliferação de doenças, já que é no lixo onde as fêmeas do mosquito depositam os ovos, em materiais como garrafas pets, pneus, copos de plástico, latas e até em entulhos de construção. 

Apesar de a Prefeitura de Natal manter o serviço de coleta de forma regular, o lixo ainda é um problema, especialmente devido ao descarte dos detritos em terrenos baldios. Para enfrentar o problema, a Prefeitura iniciou na última segunda-feira (25) uma ação integrada entre a Urbana e as secretarias municipais de Saúde (SMS) e Serviços Urbanos (Semsur). O foco é conscientizar as comunidades para a correta destinação dos resíduos.

A ação disponibiliza dois caminhões extras para fazer o recolhimento dos pneus abandonados. Além de manter o caminhão que já realiza esse trabalho diário de recolhimento. “Também faremos uma atualização do cadastro de pequenas borracharias para criar uma rota de descarte correto desses resíduos. Assim, contribuímos de forma direta no combate à dengue. Esse é um momento especial em que as secretarias estão se unindo para dar um fim a essa epidemia”, destaca o diretor de operações da Urbana, Alvamar Vale.

A coleta e a destinação correta do lixo são executadas pela Prefeitura do Natal, por meio da Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana), que diariamente recolhe 887 toneladas de lixo domiciliar na capital potiguar. Todos os bairros de Natal têm coleta que passam ao menos três vezes por semana. No entanto, em alguns bairros, como Mãe Luíza e nas praias, por exemplo, a coleta é feita diariamente, inclusive duas vezes por dia, dependendo da demanda.

O diretor Alvamar Vale afirma que ainda é descartado lixo nas vias da cidade. “Como tampinhas, copos e embalagens, que proporcionam o surgimento de criadouros do Aedes aegypti. A Urbana recolhe, assim como recolhe os pneus que deveriam ser devolvidos para a indústria”, afirma ele. 

Epidemiologia
Para a diretora de vigilância em saúde da SMS, Vaneska de Brito, é preciso criar uma cultura permanente e efetiva de conscientização quanto ao descarte correto do lixo. “Essa é uma ação importante para a eliminação dos criadouros”, pontua, chamando atenção para a grande quantidade de resíduos encontrados descartados de forma irregular nas ruas da cidade.  

Os agentes de endemias da Secretaria de Saúde de Natal realizam o trabalho preventivo junto aos moradores. Cada agente tem a responsabilidade de visitar de 800 a 1.000 imóveis a cada 42 dias. As visitas domiciliares são feitas dentro dos padrões técnicos do Ministério da Saúde, com ênfase na identificação e eliminação de focos do mosquito. Ao finalizar a visita, os agentes conversam com os moradores sobre os cuidados com o armazenamento e eliminação correta do lixo.

“A conversa com os moradores é focada na educação e na saúde comunitária, para que eles também sejam agentes de promoção à saúde do meio ambiente, e se transformem em multiplicadores de informações dentro de casa e na comunidade”, explica a diretora do departamento.

O monitoramento entomológico realizado pelos agentes de endemias ainda inclui ações de bloqueios em localidades e bairros, em torno de 150 metros dos aglomerados de casos notificados e confirmados para arboviroses. 

“Isso é feito para cortar a cadeia de adoecimento desencadeada pelo vetor adulto. Essa ação é feita através da UBV portátil, em que os agentes passam de casa em casa, num raio de atuação de 150 metros, a partir de onde foi detectado o aglomerado de adoecimento”, comenta o chefe da operação de campo do Centro de Controle de Zoonoses, Dionaldo Rodrigues Lopes. 

Pneus abandonados  
O movimento da Prefeitura de Natal no sentido de fortalecer a coleta de pneus é justificado. O descarte irregular desses resíduos é feito frequentemente. Por isso mesmo, acaba sendo um agravante na proliferação das arboviroses, já que favorece o crescimento das larvas do Aedes com muita eficácia, como reservatório de predileção do mosquito.  “A presença numerosa de pneus em terrenos baldios foi o grande promotor deste surto que estamos vivenciando hoje”, ressalta Vaneska de Brito.

A diretora de Vigilância em Saúde da SMS conta que o pneu é um reservatório ideal por ser escuro e acumular água fresca. “Só no ano passado, o Centro de Controle de Zoonoses de Natal recolheu mais de 25 mil pneus. Esse é um número bastante expressivo, já que a Urbana também faz esse serviço”, lamenta.

A Urbana realiza o recolhimento de pneus nas quatro regiões de Natal. Em 2021, a equipe da Companhia recolheu mais de 600 mil pneus. Após a coleta, esses resíduos são levados para um galpão, situado no bairro do Alecrim, e posteriormente, transportados para a Reciclanip, empresa paraibana que faz a destinação final do resíduo.  

Alisson Melo é dono de uma borracharia na Rua Jaguarari. Ele fez o cadastro junto à Urbana, que regularmente passa no local para coletar os pneus velhos. Mas o fluxo de pneus é tanto que ele diariamente leva de 10 a 12 pneus para o galpão. “Eu faço a minha parte, não fico só esperando o caminhão passar, trago os pneus porque se eles ficarem lá na borracharia corre o risco de acumular a água e vem toda a problemática da dengue”. Consciente, o empresário ainda diz que faz a separação do lixo. “Se a gente não cuidar, não vai sobrar nada para as futuras gerações”, diz.

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