Angicos foi a sétima cidade do Rio
Grande do Norte a receber a Casa das Palavras. O projeto, que promove o
intercâmbio cultural entre os municípios do Estado, realizou na cidade três
dias de oficina de canto e coral com estudantes e professores da rede pública
de ensino, além de um recital de poesia e um espetáculo com teatro de bonecos.
Como parte do projeto, foi instalada na cidade uma pequena biblioteca para
compartilhamento de livros.
O coral, com cinquenta participantes
e regência de Kelly Dantas, foi batizado de Canto e Encanto e encantou o
público que ocupou todos os espaços da Igreja Matriz de São José, cantando
Mulher Rendeira e Leãozinho. Para a maestrina Kelly Dantas foi um desafio
gigante reger um coral com tantas crianças e adolescentes que nunca tinham
cantado nem sabiam o que era uma partitura, mas segundo ela todo o esforço
valeu à pena. "Foi muito gratificante reger e ouvir todas aquelas vozes
cantando numa igreja. O resultado foi melhor do que poderíamos imaginar",
concluiu a regente.
O recital de poesia e o teatro de
bonecos aconteceram na Praça José da Penha, atraindo centenas de pessoas. O
grupo Caçuá de Mamulengos, de Currais Novos, levou à cidade a tradição do João
Redondo. Num espetáculo de quarenta minutos, com personagens como o famoso
Baltazar, a população reviveu a magia e a graça dos mamulengos. Seu Manuel
Papão, de 73 anos, disse que voltou a ser criança com as brincadeiras dos
bonecos. "Fazia muito tempo que eu não me divertia tanto", disse ele.
Durante o recital de poesia, velhos e
jovens poetas se revezavam no palco da Casa das Palavras. O mossoroense Antônio
Francisco e o angicano Itanildo Medeiros, além de recitar poesias, contaram
causos numa noite de total empatia com o público. O poeta Hailton Mangabeira
declarou em versos seu amor por Angicos. "Morei em Angicos mais de
quarenta anos e nunca tinha visto nada igual. O que está acontecendo aqui é
algo muito especial", declarou Itanildo para o público.
O padre Severino da Silva Neto, que foi nomeado padrinho da pequena biblioteca livre instalada na praça, acompanhou de perto todas as apresentações e fez um desafio a cidade. "Precisamos que um evento como esse aconteça pelo menos uma vez por mês em nossa cidade. A Casa das Palavras mostrou que a população de Angicos gosta de cultura e aprecia os bons espetáculos. Basta que eles aconteçam", desafiou o padre.
Para Rilder Medeiros, um dos
coordenadores da Casa das Palavras, o resultado visto em Angicos mostra que o
projeto está no caminho certo. "Nosso objetivo de integrar o Rio Grande do
Norte através de ações culturais, formando platéia e valorizando nossos
talentos e nossas manifestações artísticas, foi plenamente alcançado em
Angicos", finalizou Rilder.
A Casa das Palavras é um projeto patrocinado pela Cosern, Oi e Governo do Estado, através da Lei Câmara Cascudo. Estão programadas ainda novas ações e eventos para as cidades de São Paulo do Potengi, Caicó, Parnamirim, Mossoró e Natal.