Da
Tribuna do Norte - A Justiça Federal no Rio Grande do Norte condenou
onze pessoas envolvidas num esquema fraudulento que desviou cerca de R$
36 milhões no âmbito da secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap),
no governo Wilma de Faria. A quadrilha, segundo o juiz Mário Jambo, era
liderada pelo advogado Lauro Maia, filho da ex-governadora. O grupo
tinha ramificações em diversos setores da secretaria e operava os crimes
de dentro da residência oficial do Governo. “Ele [Lauro Maia]
transformou um prédio público em um epicentro de corrupção e tráfico de
influência”, escreveu o magistrado na sentença de 287 páginas publicada
ontem.
O resultado é uma decisão que condenou onze pessoas e
absolveu mais três pelos crimes de dispensa ilegal de licitação,
prorrogação ilegal de contrato administrativo, estelionato, corrupção
ativa, corrupção passiva e tráfico de influência. As penas variam entre
pagamento de multa e prestação de serviços à comunidade até reclusão
superior a 16 anos. Cabe recurso e ninguém será preso até que o processo
seja julgado em última instância.
Em um dos trechos da sentença,
o magistrado faz a análise de descrições de escutas telefônicas
utilizadas pelo MPF. As provas indicam a influência de Lauro Maia na
administração da então governadora Wilma de Faria. Para Mária Jambo,
mesmo sem ocupar nenhum cargo público, o advogado se valia da condição
de filho da ex-gestora para influenciar servidores públicos dos mais
variados escalões.
A ex-governadora Wilma de Faria não configurou
na lista dos acusados pelo MPF. No entanto, a sentença do juiz federal
traz um dado aterrador. Os fatos escancarados nos elementos produzidos
na investigação e na instrução processal apontam que, mesmo sem possuir
matrícula, cargo ou contracheque no Governo do Estado, Lauro Maia
detinha o que nenhum secretário ou servidor tinha: “um escritório dentro
da residência oficial da governadora”, descreve o juiz. A residência
oficial, localizada no bairro de Morro Branco, em Natal, transformou-se
numa espécie de quartel onde os condenados, comandados pelo filho da
ex-governadora, estudavam e decidiam como agir no esquema de corrupção.